Escola: Além da imaginação
Durante
muito tempo procurei encontrar um jeito de ensinar História de forma divertida. Testei,
experimentei, fracassei, tentei novamente compus músicas didáticas e criei
estratagemas diversos. Ainda hoje levo o violão para sala de aula e sempre
invento uma novidade. Dá certo, a neurociência estuda a relação entre o brincar
e o aprender, entre o prazer e o cognitivo. Mas existem momentos nos quais nada
disso dá resultado. É quando o método encontra a resistência de uma situação na
qual não se adéqua, quando a criatividade se depara com o vazio de uma realidade que impede a sua interpretação,
onde o esforço criativo não ecoa.
Nós
professores somos portadores atualmente de uma grande responsabilidade: a
missão de formarmos cidadãos críticos e ao mesmo tempo preparados para o
mercado de trabalho. E temos que fazer isso sendo criativos e interessantes.
Sempre inovadores para acompanharmos a evolução tecnológica da atualidade.
Somos os féis depositários do destino da nação. E de preferência se pudermos
deixar de lado as nossas convicções ideológicas, melhor ainda. “Não doutrine!”
“Apenas ensine!”
Mas
o que fazermos quando nos damos conta de que a nossa prática, aquela que
julgamos impecável e digna de reconhecimento, se depara com a falta de apetite
e de perspectiva de vida. Quando nos deparamos com alunos que dizem diretamente
ou através do seu estilo de vida, que futuro não lhes interessa? Pois nem sabe
se o futuro lhes conhecerá.
Se
a escola é uma instituição que prepara para o futuro como sensibilizar quem
vive para o presente? Falando sobre o passado? Utilizando a velha forma do
passado?
Qualquer
metodologia depende de um mínimo de predisposição do educando para que o aprendizado
se dê. São pré-requisitos básicos externos e internos que envolvem o dentro e o
fora, do aluno e da escola.
Para
ser objetivo eu poderia dizer que o fracasso da educação pública é consequência
da desestruturação familiar. Mas com certeza, aqueles que leram este devaneio
até aqui diriam que eu estou “passando a bola”.
Então vamos mencionar também a miopia das políticas públicas
educacionais que hoje orbitam as preocupações quantitativas, para atender as
necessidades imperiosas da captação de verba pelos índices de aprovação e
reprovação do aluno.
Respaldado
apenas pela experiência de aula e sem a menor qualificação acadêmica que
decoram os currículos dos estudiosos da educação, arrisco dizer que a falência
da Educação Pública se dá por uma questão de interpretação da atribuição da
escola. Os professores e demais profissionais da educação estão sempre entre
duas tendências: a de executar as tarefas inerentes às suas funções e a de
preencher o vazio deixado pela minimização da participação das famílias na
educação moral do indivíduo. Sabemos que podemos unir as duas opções, mas
sabemos também que nem uma nem a outra serão ofertada de forma eficaz.
A
escola precisa ser repensada. A aula precisa ser repensada. De nada adiantará a
construção de uma escola tecnologicamente avançada se a sua essência continua
acorrentada a pressupostos obsoletos. Para muito além de uma adequação às
necessidades imperiosas do mundo globalizado, precisamos de uma escola que
ressignifique o seu papel em um mundo cujo desenvolvimento humano tem sido
superado pelo tecnológico.Precisamos mais de conhecimento e sabedoria do que de
informação.
Como elemento de linha de frente nesse campo de
batalha recheado de crises institucionais, a instituição escolar precisa de
recursos para que possa reinventar o seu papel, funcionando como catalisador da
nociva química social que corrompe e subverte o principal objetivo do ato de
ensinar: a evolução das potencialidades humanas.
Por
fim precisamos de uma escola que promova o ser humano, assim como promove
políticas de governo perante as famílias. Nem que para isso seja necessário ensinar
o governo a ser governo e a família a ser família.
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