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A Memória da Família e a Família na Memória

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            Ao iniciar um ano letivo, sempre procuro saber sobre o local de origem dos meus alunos e dos seus pais. Através dessa prática, procuro compreender a formação da comunidade que circunda a escola para melhor direcionar o trabalho em sala de aula. Nesses anos de magistério descobri que muitos alunos não têm noção das suas origens, sendo que o pouco que sabem não vai além do local de nascimento do pai ou da mãe. Os nomes dos avós ou local de origem destes, quase sempre desconhecem.               Essa descontinuidade na história pessoal do indivíduo pode influenciar negativamente na afirmação de alguns sentimentos, como o desejo de pertencimento que origina o nacionalismo e de auto-estima, importante elemento na busca pela cidadania. Não precisamos de muito esforço para perceber que as nossas relações sociais sofreram profundas alterações nos últimos 50 anos.  Considerando as necessidades imperiosas do imediatismo desvalorizamos o passado. E o vazio criado tem sido preen
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Laguna de Araruama: história de vida e renovação             A história da relação entre a Lagoa de Araruama e os seres humanos data de cerca de 6.000 anos, quando os primeiros grupos humanos aqui chegaram, se estabelecendo nas suas proximidades por períodos relativamente curtos. Tem início a ação antrópica (ação do homem sobre o meio através das tecnologias disponíveis) nas margens laguna. Como os primeiros grupos humanos eram formados por poucos indivíduos, a intervenção humana era muito limitada, quase não se fazendo sentir, não fosse a formação dos sambaquis a partir dos restos alimentares e sedimentos naturais que se acumularam ao longo do tempo. Estes caçadores e coletores se beneficiaram da abundante bioma da região, embora não possuíssem condições de explorá-la em toda a sua potencialidade. Somente mais tarde, com a chegada dos tupinambás acerca de 1500 anos atrás, o entorno da laguna passou a sofrer uma maior influência humana, visto que esses índios possuíam um am

Uma pergunta pertinente e uma resposta nada convincente!!!

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Na semana passada, durante uma aula sobre a crise de 1929 em uma turma do 9° ano, um aluno me perguntou porque os professores são tão desvalorizados. Embora estivéssemos falando sobre a crescente influência ideológica do socialismo no entre guerras e consequentemente a má distribuição de renda no Brasil tenha vindo à tona, a pergunta me pegou de surpresa.  Sempre que eu me questionava sobre esta desvalorização eu chegava à conclusão de que isso fazia parte de uma conspiração das elites para controlar o povo. Um povo ignorante é muito mais fácil de ser governado, mas esta resposta me pareceu marxista demais.  O tempo havia congelado, centésimos de segundo se passaram entre uma ou outra possível resposta. De repente me surgiu a questão da ideologia: o magistério se esqueceu do poder ideológico que tem! E a sociedade aceitou tal desmobilização! Me lembrei das greves dos anos 80..., não era professor, mas minha mãe sim. Fazia greve, mas não era marxista, era PROFESSORA! 

Para que serva a escola ?

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                                                                                                       Existe atualmente uma certo “mistério” em relação a utilidade da escola, isto tanto por parte dos alunos quanto dos professores. Mas qual será a origem dessa dúvida? Será que devido ao sucateamento da escola? Será que é pela maneira como as famílias se relacionam com a escola? Ou será que é tudo isso junto ?                 O fato é que quando perguntamos aos alunos por que eles estão na escola, nem sempre recebemos uma resposta  e quando recebemos dizem que é para “aprender”. Mas no fundo, no fundo ele não sabe o que, ou o porquê do aprender. A escola parece ter recebido (sabe-se lá de quem), um caráter automático e institucional. Muito alunos vão para a escola por    que faz parte da rotina. Cresceram sabendo que têm que ir! É cultural, no sentido empírico da palavra. Para completar, a mídia dá a maior força nesse sentido, propagando como opção acessível a todos, o g

O valor de um professor

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  Hoje em dia faz parte do senso comum  a ideia de desvalorização do magistério enquanto profissão.               Há apenas algumas décadas, pais de várias camadas sociais enchiam a boca para alardear que seus filhos haviam se tornado professores. Era uma profissão respeitada por todos, inclusive pelos próprios professores.              Atualmente os professores são uns dos profissionais que mais padecem de depressão, problemas cardíacos e respiratórios. As salas de aulas lotadas, os baixos salários, sucateamento das instituições de ensino e a aguda crise da auto estima  profissional, colocam os professores numa situação de penúria moral e/ou econômica.              Não raro ouvimos por aí: “Bem feito, não estudou agora é professor!” ou “Sai desta, você é pode conseguir coisa melhor!” Acontece que existem muitas razões para se persistir mas é a fé a mais forte delas.  Fé que com o nosso trabalho poderemos construir uma sociedade melhor, fé que a conquista da dignidade soc